Mortes causadas por câncer de colo de útero vão dobrar na América Latina.

OMS: mortes causadas por câncer de colo de útero vão dobrar na América Latina

O número de mortes causadas pelo câncer de colo de útero deve dobrar na América Latina nos próximos 12 anos. Hoje, a doença causa cerca de 33 mil óbitos todos os anos na região. Em 2030, serão 70 mil. Os dados são de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentado ontem na Cidade do México. A pesquisa aponta a prevenção, a detecção precoce e o uso da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV, causador da doença) como algumas das formas de impedir os óbitos precoces. De acordo com o Instituto do Câncer (Inca), neste ano a doença matará 18.680 mulheres no Brasil.

A análise da OMS foi realizada com a revisão de 15 anos de estudos feitos na Argentina, Barbados, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. A pesquisa estima que a prevalência do HPV entre as mulheres latino-americanas e caribenhas entre 15 e 24 anos varie entre 20% e 30%. Entre os homens, cerca de 20%.

Para Ciro de Quadros, vice-presidente do Instituto Albert Sabin e um dos autores do estudo, a vacinação dos adolescentes deve ser seriamente considerada pelos governos dos países da região. Quadros afirma que hoje o preço da vacina torna inviável sua adoção no calendário oficial desses países, mas recomenda que a negociação com os laboratórios não seja descartada.

O impacto da vacinação em seis países – Argentina, Peru, Chile, México, Brasil e Colômbia – também foi medido. Segundo a OMS, o procedimento poderia prevenir a morte de 500 mil garotas nesses países quando atingissem a idade adulta. Para isso, seria necessário que a vacinação atingisse 70% das meninas de 12 anos por dez anos consecutivos.

Os valores tornam a medida quase impossível. Para a prevenção do câncer de colo de útero, são preconizadas três doses da vacina. O custo desse procedimento hoje é de US$ 360. Caso a vacinação fosse adotada por apenas cinco anos nesses países, seriam gastos US$ 4,7 bilhões.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.